A bordo do Clementina encontramos o tempo e o depois. A travessia realizada através dos olhos e dos sentidos de Solange circunscreve o tempo e seus sucedâneos como personagens principais, a transitoriedade, as perdas, a escrita, os encontros, a morte, as colheitas, as estações. Solange conta a história de uma vida atravessada por muitas outras, metáfora de um Brasil que se constitui em múltiplos retalhos e cores. A bordo, afirmamos o que não vimos. O barco está sempre em movimento e nele a resposta para o enigma é o salto para a poesia. Todavia, seu salto é amparado em uma rede de outros escritos, das cartas de Tia Dália, dos gestos testemunhados em família ou ainda transmitidos, ainda que não revelados. O texto escrito a bordo do Clementina tem balanço, às vezes, as palavras, surfam, flutuam ... outras afundam em sua densidade e segredos; histórias que esperávamos encontrar mais adiante solucionadas, mas que são deixadas para o trabalho dos escafandristas, depois. Assim, os gestos que
Espaço criativo, ambiente de troca e reflexões sobre livros, literatura e artes.