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Mostrando postagens de outubro 4, 2020

A bordo do Clementina e depois

A bordo do Clementina encontramos o tempo e o depois. A travessia realizada através dos olhos e dos sentidos de Solange circunscreve o tempo e seus sucedâneos como personagens principais, a transitoriedade, as perdas, a escrita, os encontros, a morte, as colheitas, as estações. Solange conta a história de uma vida atravessada por muitas outras, metáfora de um Brasil que se constitui em múltiplos retalhos e cores. A bordo, afirmamos o que não vimos. O barco está sempre em movimento e nele a resposta para o enigma é o salto para a poesia. Todavia, seu salto é amparado em uma rede de outros escritos, das cartas de Tia Dália, dos gestos testemunhados em família ou ainda transmitidos, ainda que não revelados. O texto escrito a bordo do Clementina tem balanço, às vezes, as palavras, surfam, flutuam ... outras afundam em sua densidade e segredos; histórias que esperávamos encontrar mais adiante solucionadas, mas que são deixadas para o trabalho dos escafandristas, depois. Assim, os gestos que

Separação

Eu me separei do meu passado Eu me separei da primeira pessoa Eu parti partido e me reuni à parte. Eu me separei do gran-finale Eu me separei do mundo caduco Separei a pessoa do personagem Eu me separei do crochê da vingança Eu me separei de velhos inimigos Eu me divorciei da culpa Rompi com os movimentos separatistas Minha cabeça resolveu me dar as costas Meu corpo pediu separação de corpos Eu me separei da casa própria Eu me separei do nome próprio Eu me separei da própria idéia de separação Augusto Massi