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Mostrando postagens de agosto 16, 2020

Diário - Lúcia Facco

    Para minhas “companheiras eróticas” * Uma luz branca, outra branca, uma amarela, uma branca, um intervalo, depois tudo de novo: branca, branca, amarela, intervalo... cada vez mais rápido. Mais rápido, mais rápido... Os olhos atentos acompanhando a seqüência de luzes no túnel do metrô. Seu pensamento tentando inutilmente se concentrar naquela ordem, tentando perceber alguma mudança: branca, branca, amarela, branca, intervalo... até que só viu um grande escuro e depois a luz do dia. Mas é impossível prestar realmente atenção às tais luzes e ao sol que depois de dias de chuva finalmente aparece suave, mas quente o suficiente para fazê-la tirar o casaco, não sem antes reparar na blusa que está usando. Podia ser aquela furadinha nas costas (malditas traças!) e aí o jeito seria agüentar o calor. Não é. Está vestindo a amarela que ganhou de aniversário da Márcia. Márcia, Márcia, mar se amar, se amar, se amar. Culpa dela também. Uma daquelas amigas que povoam as suas fantasias e a quem a

Discurso fúnebre para Honoré de Balzac, por Victor Hugo

Cavalheiros: O homem que acaba de descer a esta tumba era um daqueles a quem a dor pública acompanha seu cortejo fúnebre. Nos tempos por que passamos, todas as ficções se desvanecem. Doravante, os olhos não se fixam mais sobre as cabeças reinantes, mas sobre as cabeças que pensam, e o país inteiro sofre um abalo quando uma dessas cabeças desaparece. Hoje, o luto popular é provocado pela morte de um homem de talento; o luto nacional é a morte de um homem de gênio. Cavalheiros, o nome de Balzac se incluirá no rastro luminoso que nossa época irá deixar para o futuro. Monsieur de Balzac fazia parte dessa pujante geração de escritores do século XIX que surgiu depois de Napoleão, do mesmo modo que a ilustre plêiade do século XVII depois de Richelieu, tal como se, no desenvolvimento da civilização, houvesse uma lei que faça suceder os que dominaram através do gládio por aqueles que dominam pelo espírito. Monsieur de Balzac era um dos primeiros entre os maiores e um dos mais altos entre os mel

Saber Viver

Não sei… se a vida é curta ou longa demais para nós. Mas sei que nada do que vivemos tem sentido, se não tocarmos o coração das pessoas. Muitas vezes basta ser: colo que acolhe, braço que envolve, palavra que conforta, silêncio que respeita, alegria que contagia, lágrima que corre, olhar que sacia, amor que promove. E isso não é coisa de outro mundo: é o que dá sentido à vida. É o que faz com que ela não seja nem curta, nem longa demais, mas que seja intensa, verdadeira e pura… enquanto durar. Cora Coralina 1965