“A peste é encarada como algo inexorável, inevitável. Os despreparados são apanhados de surpresa; os que observam as precauções recomendadas também são atingidos. Todos sucumbem quando a história é contada por um narrador onisciente (...)” Susan Sontag – A doença como metáfora . Susan Sontag, em A doença como metáfora , analisa o conto de Edgar Allan Poe, “A máscara da Morte Rubra”, para revelar como as várias epidemias da humanidade são metaforizadas na vida e na literatura. Sobretudo, esses surtos revelam a vertente do inesperado, do que não pode ser contido nem controlado, e que, imune à fé ou à razão, é capaz de abalar tanto o racionalismo e a lógica da sociedade tecnicista e tecnológica, quanto as fantasias e crenças mais arraigadas no imaginário popular. Embora crédulos e céticos pareçam firmes em suas concepções, as incertezas são capazes de assombrar um e outro. No conto de Poe, o príncipe Próspero ergueu muros, grades e ferrolhos em torno de sua fortaleza para conter lá fora
Espaço criativo, ambiente de troca e reflexões sobre livros, literatura e artes.