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Mostrando postagens de junho 21, 2020

Página 1 - O dia em que conheci Machado de Assis - um relato pessoal sobre a experiência de leitura.

A comemoração do aniversário de nascimento de Joaquim Maria Machado de Assis me fez lembrar de um episódio da minha infância.A leitura sempre fez parte da minha vida. Meus pais frequentemente estimulavam a leitura em casa, mas a meu hábito de viver rodeado de livros surgiu por influência da minha avó materna, Dona Alda, com quem eu lia as histórias de Monteiro Lobato e uma dezena de outros livros. Frequentador assíduo da Biblioteca Municipal de Jacareí - SP, na época localizada bem próximo da Igreja Matriz, eu me sentia em casa naquele lugar. Eu conhecia todos os bibliotecários, que gentilmente me avisavam quando algum título mais concorrido estaria disponível. Lembro perfeitamente do ritual para ingressar naquele local: primeiramente todos os materiais e bolsas eram deixados em um armário. Em seguida, munido de papel e caneta, pois era nossa a tarefa de anotar o número e a estante onde estava guardado o livro escolhido, enfrentávamos o grande gaveteiro de metal repleto de pequenas fi

Entrevista com Leonardo Tonus - "As editoras terão que se reinventar ou desaparecerão."

As editoras terão que se reinventar ou desaparecerão', diz Leonardo Tonus, escritor e professor da Sorbonne Bruno Calixto O Globo  20/06/2020   00:01 BRT RIO — A Organização Mundial de Saúde anunciou que não sabe dizer quando o vírus irá desaparecer. No dia que começou a quarentena na França, 13 de março, tudo já estaria resolvido, segundo imaginou o professor de literatura brasileira na Sorbonne, o escritor Leonardo Tonus. — Estávamos a uma semana antes das férias da universidade e, com o passar dos dias fui dando conta que os próprios estudantes ficariam isolados por bastante tempo. Então tive a ideia do projeto "Sacadas literárias", que é compartilhar poesias da janela, estas janela metafóricas, estendendo a brasileiros. A ideia é toda semana fazer uma live pelo Instagram e Facebook com suporte para que eles continuem estudando tendo em vista as provas do Enem. Literatura em casa para estudantes, sobretudo os do ensino público. Vamos seguir até o fim do ano — conta. Ne

O fôlego novo de "Brás Cubas" no meio literário internacional

Fonte: Revista Época Por: Jerônimo Teixeira 26/06/2020 - 0300 Foto: Intervenção em foto  de Marc Ferrez (Machado de Assis e bandeira EUA) Um dos mais importantes editores do Brasil no século XIX, o francês Baptiste-Louis Garnier negou ao maior nome de seu catálogo a oportunidade de ser lido na Alemanha. Em 1889, uma editora alemã manifestou interesse em publicar as obras de Machado de Assis, para alegria do escritor, que já havia alguns anos vinha estudando a língua de Goethe e Heine. Machado escreveu a Garnier — em francês — para solicitar a liberação de seus livros para a edição alemã. Assegurou que nem sequer esperava compensação financeira: “Já considero uma vantagem ser conhecido em um língua estrangeira que tem seu mercado tão diferente e tão afastado do nosso”. Em sua resposta, Garnier buscou dissuadir o autor com razões pretensamente literárias, repisando o lugar-comum segundo o qual traduzir e trair são sinônimos: “Não ignorais, senhor, que um escritor, por mais bem tradu

Memórias Póstumas de Brás Cubas: uma breve incursão psicanalítica

Machado de Assis é o maior escritor brasileiro de todos os tempos. E um dos maiores da literatura em língua portuguesa. Sua obra presta-se a análises as mais diversas, de todos os ângulos, inclusive, claro, a psicanalítica. Reli alguns trabalhos nessa área ao analisar uma crítica saída na semana passada a respeito da versão francesa do meu romance Menino oculto ( L'Enfant Caché ). O tradutor, no seu prefácio, escreve: "La question est bien de savoir si Aimoré, le personnage, raconte la vérité ou s'il délire sans cesse."* E o narrador de Brás Cubas? Os poetas bebem de fontes ainda não acessíveis à ciência. Freud remete à noção de conhecimento, saber e verdade transmitidos pela poesia. Verdade, conhecimento e liberdade. No romance Gradiva – uma fantasia pompeiana  de Wilhelm Jensen, o jovem arqueólogo associa a imagem da jovem em alto-relevo (nomeada Gradiva) descoberta nas ruínas de Pompeia a Zoé Bertgang, sua namoradinha de infância. Freud, ao analisar a obra (estud