Dizem por aí que, mesmo nas melhores famílias, há um esqueleto escondido no armário, trancafiado a sete chaves, condenado ao limbo do esquecimento e do silenciamento. No domínio da literatura, esse assunto-tabu - visto como incômodo a ser evitado ou como herança dolorosa não verbalizada -, constitui um convite ao desvelamento através da palavra e à abertura saudável para que novas gerações não carreguem o peso do que permaneceu cristalizado nos porões da memória. No romance Elle s’appelait Sarah (2007), que deu origem ao filme traduzido no Brasil como A chave de Sara , a escritora francesa Tatiana de Rosnay tira partido dessa imagem para revisitar um dos mais terríveis acontecimentos da história da segunda guerra na França. Trata-se do episódio do Velódromo de inverno, ocorrido em Paris, em 16 e 17 de julho de 1942, quando mais de 13 mil judeus foram confinados nesse espaço pela polícia francesa, antes de serem enviados aos campos de extermínio. Muitos franceses colaboraram com os naz
Espaço criativo, ambiente de troca e reflexões sobre livros, literatura e artes.