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Mostrando postagens de novembro 29, 2020

Sobre literatura e violência contra as mulheres em tempos de pandemia

Há pouco tempo fui convidada para integrar a publicação de um livro sobre mulheres e pandemia. Estamos confinados há meses, em situações precárias de enfrentamento do vírus – sobretudo quando comparadas aos demais países –, e o assunto urge. Esse convite me instigou e estimulou a pesquisar e escrever sobre as faces da violência contra as mulheres. É inegável que o isolamento social é uma política necessária de contenção do contágio do novo vírus, mas é alarmante o aumento da violência no casal na situação de confinamento com o agressor.  Como professora de literatura, fui logo pensando em livros de autoria feminina que exemplificassem os roteiros de violência baseada no gênero. E, para a minha surpresa, encontrei – entre as minhas leituras recentes – muitos romances, cenas e diálogos impressionantes sobre o tema. Sou fascinada pela literatura brasileira contemporânea escrita por mulheres! Os quatro exemplos que abordei no capítulo do livro Pandemia e mulheres foram: A vida invisível d

Mar.Manhã

  16 - 11- 1909 SUAVEMENTE grande avança, Cheia de sol a onda do mar; Pausadamente se balança, E desce como a descansar. Tão lenta e longa que parece De uma criança de Titã O glauco seio que adormece, Arfando à brisa da manhã. Parece ser um ente apenas Este correr da onda do mar, Como  uma cobra que em serenas Dobras se alongue a colear. Unido e vasto e interminável No são sossego azul do sol, Arfa com um mover-se estável O oceano ébrio de arrebol. E a minha sensação é nula, Quer de prazer, quer de pesar ... Ébria de alheia a mim ondula Na onda lúcida do mar. Fernando Pessoa Obra Poética - Volume Único - página 105 Editora Nova Aguilar 1990