Há livros que conquistam aos poucos, nos trazendo para dentro daquele universo ficcional de forma lenta. Outros nos engolem feito furacão, e já não é possível a gente se desvencilhar daquela história. Aconteceu na leitura de Por cima do mar , de Deborah Dornellas. Vencedor do prêmio Casa de las Américas em 2019, Por cima do mar é a estreia de Dornellas na ficção. A cuidadosa edição apresenta ao longo do volume quinze imagens de sua autoria, muitas delas trazendo mulheres. O livro é bonito: dá vontade de revirá-lo várias vezes, voltar nos desenhos, conferir os poemas que os acompanham. O desejo de demorar o olhar não só nas palavras, mas nas ilustrações que surgem de forma orgânica na narrativa, fazendo do ato de leitura um jogo sensorial. No âmbito da trama chama a atenção também a ambientação em Brasília, espaço que raras vezes encontramos na ficção brasileira recente. A cidade surge como referência constante em função de sua proximidade com a política e o poder, mas poucos foram os
Espaço criativo, ambiente de troca e reflexões sobre livros, literatura e artes.