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Mostrando postagens de janeiro 31, 2021

Da vida nas ruas ao teto dos livros: escrevivências e resistência de uma trânsfuga

Clarice Fortunato estreia na literatura com o pé direito. A leitura de Da vida nas ruas ao teto dos livros (2020) é uma dessas experiências das quais não se sai incólume. O livro, lançado recentemente pela editora Pallas, integra a tese de doutorado da autora. No conhecido ensaio Um teto todo seu , Virginia Woolf destaca a importância da mulher ter o seu próprio espaço para escrever, mas, se pensarmos na realidade brasileira, podemos nos perguntar: E quando não se tem nem um teto para viver? E quando é preciso pegar comida no lixo e beber água de poça para não morrer de fome e sede? Esta foi a triste realidade da escritora Clarice Fortunato durante parte de sua infância. Sua dolorosa experiência se tornou uma impactante narrativa em que traumas individuais fazem eco a traumas coletivos e ancestrais. Fortunato nasceu em 1976, no interior do Paraná, filha de pai negro, boia-fria, analfabeto e mãe branca, de olhos azuis. O casal teve 17 filhos, mas apenas dez sobreviveram. Depois da morte