"L'enfer, c'est les autres": um convite à leitura da representação do feminino no romance teatral sartreano em tempos pandêmicos [1]
Considerando que a literatura reflete os valores do tempo histórico em que se insere, entendemos que a expressão do teatro traz para o palco a fruição do discurso literário em sua profunda potência. Sob tal perspectiva, temos manifestações desse viés artístico na contemporaneidade dignos de nota. O beijo no asfalto, por exemplo, peça teatral de Nelson Rodrigues, teve mais uma adaptação recente ao cinema (2017), trazendo os bastidores do filme que encenam a peça, numa discussão entre várias vozes, mesmo as mais caladas, visto que o enredo transcorre às vésperas da ditatura militar do Brasil (1960). A temática de gênero, o controle ideológico por parte dos meios de comunicação e a condição humana como questionamentos do viver e do existir tornaram este trabalho mais que uma mera adaptação. Da mesma forma, os elementos há pouco elencados fazem do teatro de Sartre uma profunda fonte de inspiração para as questões relativas ao existencialismo tanto no final do século XX, quanto para a reflexão contemporânea sobre a condição do feminino, neste início do século XXI. Partindo desse comentário, proponho o presente ensaio, analisando de maneira concisa a relação entre língua e literatura, sob a breve abordagem da representação, mais precisamente pelo discurso das personagens femininas. Trata-se igualmente de provocar o leitor, convidando-o a inspirar-se numa possível releitura do que seria uma encenação de L’enfer, c’est les autres atualmente em tempos de pandemia do Covid-19.
Escrito em 1944, Huis Clos, de Jean-Paul Sartre, é um recorte exemplar das relações existenciais, rompendo com o teatro clássico, embora mantenha a regra das três unidades, quais sejam: espaço, tempo e ação. O contexto é a Paris devastada, a Paris da resistência, que se encontrava sob ocupação alemã, servindo assim de palco, mas sendo sobretudo personagem da trama, passível de ser entendida como a primeira representação do feminino nesta obra em que o autor discorre por entre conceitos filosóficos atinentes à época e à condição humana em seu ‘existir’. Sartre traz as angústias da humanidade no período do final da II Guerra Mundial, especialmente pela voz desta mulher que se erigia sob os pilares de uma sociedade desde sempre opressora e desigual. Daí a proximidade com os tempos atuais, em que a mulher se quer empoderada. Como seria então seu discurso, qual seria sua representação se tentássemos reeditá-la em 2020, período em que L’enfer, c’est les autres tornou-se um enunciado mais conhecido face ao confinamento imposto pela pandemia do Covid-19, alterando a rotina das relações domésticas e familiares, sobretudo amorosas?
Entendendo-se igualmente que o binômio língua/literatura desencadeia uma temática relevante para a dramaturgia, devido à modernidade de sua expressão poética, proponho o recorte pela representação do feminino nesta peça assaz curta: um único ato e apenas cinco cenas, em consonância ao impacto dos diálogos travados e da insistência do décor sobre os personagens. O movimento existencialista coloca em pauta a dinâmica desse contexto avassalador que consagrou a frase L’enfer, c’est les autres (1947, p. 93) [2] , verbalizada ao final da obra.
Considerando as relações entre o binômio há pouco evocado, comecemos pelo próprio título Huis Clos que não se esgota na tradução ipsis litteris de ‘a portas fechadas’ tout simplement. A abordagem do discurso literário e da compreensão das condições de produção tornam evidente a insuficiência de se usar a literatura exclusivamente como mera ferramenta para o ensino de língua ou vice-versa. O trabalho do texto literário a partir de sua fonte, ou seja, a língua do manuscrito revela-se um arcabouço para o aprimoramento da linguagem teatral em língua francesa, promovendo a construção do conhecimento através de suas implicações históricas, políticas, discursivas e sociais.
Dada a complexidade do contexto, proponho no presente ensaio tão somente comentar acerca do papel da representação do francês para leitura de mundo, como resposta ao convite gentilmente feito por ELH, a fim de instigar o leitor ao estudo integral dessa mise en scène literária tão pertinente em tempos de isolamento, mas não de desolamento artístico e literário.
1. O papel da representação da língua francesa para leitores do Século XXI
Interessante observar o quanto uma língua está relacionada ao que ela representa. Muito mais que um sistema linguístico, evoca o imaginário, a identidade, os estereótipos, enfim toda uma gama de subjetividades que vai desde aspectos positivos até os mais refratários, daí a relevância em estudá-los. Nesse sentido, buscamos entender como seria possível abordar a literatura francesa sob o viés da representação enquanto elemento da linguagem fundador da condição humana. Sustentados na obra de Charaudeau [3] (2007), entendemos que a noção de representação engloba estereótipos, que podem ser amplificados tanto no imaginário do texto ficcional quanto no texto didático, conforme será possível depreender na sintética frise chronologique a seguir.
A Revolução Francesa, no século XVIII (1789-1799), junto a outras transformações urbanas, foram decisivas para o avanço dos estudos da linguagem e da literatura, preparando o terreno para tempos menos sombrios em termos de conhecimento como fora marcada a Idade Média. Grande expressão dessa época foi a produção de Molière que, através de obras como L’école des femmes (1662), faz uma crítica à aristocracia machista, que desejava tão somente ensinar as mulheres como deviam se portar frente à sociedade. Apesar da ironia desse dramaturgo, o teatro caracterizava-se nessa época como manifestação religiosa e cumpria com fins pedagógicos. Outra obra igualmente perenizada pela encenação teatral que merece destaque é a de Bizet, em sua Carmen (1875), na qual a cigana boêmia é retratada como a perdição de um militar, honroso e trabalhador. A dualidade entre o personagem central e sua antagonista, a noiva predestinada de Don José, não deixa escapar o conflito com o qual a representação do feminino atravessou, e ainda atravessa, a literatura. Numa perspectiva também opressora, a simples reprodução da literatura faz evocar cenas do filme O Nome da Rosa (1986), baseado no romance homônimo de Umberto Eco (1980), em que o poder cultural estava resguardado às elites, e o ensino de língua se caracterizava pela cópia e pelo estudo da gramática.
O Século das Luzes trará, no entanto, une bouffée d’air frais para as ciências e para as artes, reservando à mulher papel de ascensão. Ainda que as consequências do pensamento cartesiano je pense, donc je suis estejam borrifadas nos séculos seguintes como a referência ao sujeito racional e ao modelo de língua do falante nativo, a condição do feminino continua a galgar inúmeros obstáculos.
Após a I Guerra Mundial os efeitos do Cours de Linguistique Générale (CLG, 1916), de Saussure (1857-1913), abrem às Ciências da Linguagem a necessidade de reflexão sobre os fenômenos que envolvem este objeto subjetivo que é a língua. Nesse sentido, a corrente de expressão surrealista traz na obra do artista Magritte, La trahison des images (1928) uma noção central para a linguagem e para os estudos literários: o da Representação. Tal repercussão é igualmente expressiva na elaboração de materiais didáticos de francês, como o famoso Mauger, que divulgava uma Europa ‘modelo’, em plena reconstrução depois da devastação da II Guerra Mundial (1945). A série de pequenas revoluções ocorridas na primeira metade desse intenso século, a exemplo da ‘Queima de soutiens’, nos Estados Unidos em 68, marco temporal para as mulheres, consagra o século XX como um período de grande produção artística, caso das obras de J-P Sartre. A então revitalização europeia levará mão de obra de continentes menos desenvolvidos economicamente, semeando a introdução de vários estrangeiros na França, os quais são hoje a terceira ou quarta geração de imigrantes.
É nesse contexto que se percebe igualmente outra mudança para os estudos em línguas e na literatura: a importância da diversidade, do respeito ao outro e da busca de compreensão pelas diferenças culturais, contemplada particularmente pela concepção da littérature monde. Dessa forma, veremos surgir abordagens mais fluídas, como celebra a revolução das ideias dans l’Approche Communicative (AC) e a consideração de uma quinta competência, a Competência Intercultural (CI). Entendida até hoje como o último marco metodológico para os estudos das línguas a AC inaugura elementos significativos tanto para o entendimento do que seja ensinar e aprender uma LE, quanto para os estudos da tradução. Bifurca-se atualmente nas vertentes conhecidas como perspectiva acional e perspectiva sociolinguística.
Assim, é possível vislumbrar o quanto a trajetória histórica está intimamente relacionada à produção intelectual e científica de uma dada sociedade. A Pós-Modernidade, simbolizada pela queda do muro de Berlim (1989), afirma o descentramento do sujeito, a sutileza das margens e o questionamento dos estudos culturais, consolidando no terreno da linguagem a relevância do intercultural. A CI, por sua característica interativa, é igualmente contemplada pela literatura francófona principalmente em países da Afrique Noire. Essa competência reconhece, portanto, em seu bojo a pertinência que foi a idealização de estereótipos, que tiveram grande valia para os estudos da linguagem, na época da reconstrução europeia por representarem o resumo de uma integração necessária naquele período. Como a obra em tela, Sartre parece apresentar dois estereótipos femininos, quais sejam, as duas personagens da trama: Inès e Estelle, respectivamente a mulher castrada e a mulher romântica. O fato de evocarem estereótipos está relacionado ao fenômeno de representação que impinge referenciais em todas as culturas, conforme afirma Cuq (2003, p. 224) [4] “Um estereótipo consiste em uma representação ‘cliché’ de uma realidade (indivíduo, paisagem, trabalho etc.), reduzindo-a a um traço, a ‘uma ideia pronta’. É, portanto, uma visão parcial e, consequentemente, uma parte dessa realidade. O estereótipo não deve ser confundido com o que ele representa, mas vale observar que dele faz parte. A torre Eiffel, por exemplo, é para milhões de pessoas um estereótipo de Paris e mesmo da França, mas ela não basta para caracterizá-los, ainda que contribua para defini-los.”
Entendemos que a CI se dá no exercício de construção do conhecimento acerca da cultura-alvo, permitindo desenvolver a capacidade de estabelecer relações entre a sua cultura e a do outro, compreendendo o lugar que ocupam os estereótipos dentro da noção maior que englobam as representações. O que nos interessa na representação social evocada pelo referido autor diz respeito a um mecanismo de construção do real. Pensamos que em Huis Clos essa consideração seja assaz pertinente.
De acordo com Charaudeau (2007), a mecânica da representação social engendra, através da produção de discursos, saberes que estruturam conhecimentos. Tanto os saberes de conhecimento, que podem ainda ser científico ou de experiência, quanto os saberes de crença, os quais podem estar assentados no tipo de revelação ou de opinião, colaboram no entendimento da leitura literária em seu tempo e espaço como é o caso da referida obra sartreana. Acreditamos que a partir desta perspectiva torna-se mais interessante analisar o discurso nas personagens femininas Inès e Estelle.
2. Alguns comentários acerca da construção das personagens femininas em Huis Clos
Qual o lugar que as mulheres ocupam na história da literatura mundial? E na literatura francesa? Não temos a pretensão aqui de responder, tampouco de explorar a fundo uma temática e um recorte histórico tão complexos, mas importa ressaltar que o exemplar referendado, sendo posterior à primeira edição, data de 1947 e inicia com uma dedicatória dirigida a uma mulher. A primeira página tem no cabeçalho o enunciado: À cette dame, além de registrar o fato de ter sua primeira encenação no Théâtre du Vieux-Colombier, em maio de 1944. O cenário é a Paris da primeira metade do Século XX, entendida, conforme já afirmado anteriormente, como a primeira personagem da obra. Essa afirmação deve-se ao fato de encerrar em si um forte feminismo, tendo servido como palco de revoluções e avanços da mulher na sociedade contemporânea.
David Harvey [5] , geógrafo britânico e um dos maiores intérpretes do marxismo e da sua contundente contribuição para o contexto capitalista atual, dedica em sua obra sobre Paris questões fundamentais para a transformação urbana, reforçando a perspectiva dessa personagem feminina atribuída à cidade luz. Desvela a capital da modernidade desde os escritos balzaquianos, para citar apenas um dentre os tantos autores que se debruçaram sobre essa ‘psicogeografia’ evocada pela Ville Lumière, cujo destaque à tradição revolucionária da cidade é tão grande que ela se torna uma força social em si [...]. (2015, p. 303).
Segundo Galli (2018b) [6] , antes mesmo da Revolução Francesa, a Liberdade fora retratada como uma mulher e, até o presente, la Marianne simboliza as relações diplomáticas estampando-lhe a chancela do governo francês. A estreita relação entre a ascensão de Paris e da mulher contemporânea gozam igualmente de considerações relevantes. Nessa perspectiva, as personagens femininas de Sartre parecem materializar a condição questionadora e conflitante das mulheres no Século XX. Retratada em apenas um ato e composta por três personagens, que se digladiam ao longo de cinco cenas temos um único personagem masculino Garcin, o qual é, curiosamente, o responsável por verbalizar L’enfer, c’est les autres, restando às duas personagens femininas, Inès e Estelle, uma série de estereótipos representados em seu discurso. Não sendo nossa proposta aqui realizarmos o levantamento exaustivo desses termos, nos limitamos tão somente a destacar alguns excertos que ilustram o tema sobre o feminino, recorte que assume as angústias entre o viver e o existir da condição feminina.
3. Representação do feminino em Inès e Estelle
Desde a primeira cena, a crítica sartreana a uma burguesia ostentatória e preocupada com suas vantagens pode ser visualizada pelo recurso ao décor da sala fechada, em que ao deparar-se com um bronze de Barbedienne, Garcin exclama: Quel cauchemar / Que pesadelo! (p.16). Poderíamos assim definir cada cena pelo excerto do discurso teatral que lhe caracteriza, mas não o faremos. Entretanto, podemos afirmar que as cenas iniciais servem para introduzir progressivamente o leitor aos subterrâneos da consciência de suas personagens, apresentando primeiramente Garcin. O labirinto das cenas fica evidenciado nas conversas espiraladas e um tanto absurdas que se estabelecem entre ele e o Garçon, espécie de concierge / porteiro, culminando com a chegada na cena seguinte de Inès, a qual é efetivamente apresentada de forma a auto intitular-se la non polie / a mal educada... (p.25). Hostilidades trocadas, temos ao final da terceira cena, a entrada daquela que finalizará a composição do tridente infernal: Estelle, cuja preocupação primeira diz respeito à cor do canapé em que se sentará Mais je ne pourrai jamais m'asseoir dessus, c'est une catastrophe : je suis en bleu clair et il est vert épinard / Jamais poderei sentar-me nesse divã: visto azul claro e ele é verde espinafre. (p. 28).
Após a formação do triângulo insólito, a simpatia de Inès por Estelle fica explícita. No que tange à representação discursiva, nos restringiremos a destacar somente um dentre os vários diálogos das confinadas, ressaltando uma réplica que remete para os estereótipos anunciados anteriormente. Trata-se da cena em que a identidade feminina é manifestada pela necessidade de uma beleza externa, expressa por Estelle, contraposta ao que a define como sua antagonista Inès que, mesmo de maneira desengonçada tenta assumir sua afeição. Donde o paradoxo textual Je te vois, moi. Tout entière. Pose-moi des questions. Aucun miroir ne sera plus fidèle./ Eu te vejo a mim, toda inteira. Faça-me perguntas. Nenhum espelho lhe será mais fiel. (p.46). O estereótipo de Estelle, no entanto, é o de ter assumido a contragosto o papel materno que lhe fora outorgado e após este conflito, lança-se desesperadamente em busca do amor romântico e do conforto fútil de uma vida burguesa, oscilando entre o viver e o existir. Nesse jogo de imagens e intenso diálogo íntimo que Inès convida Estelle a fazer há uma sedução do feminino que é impactante, sobretudo quando Inès, servindo-lhe de espelho, responde a Estelle, mais adiante, que seu batom está melhor do que quando chegara, pois, C'est mieux; plus lourd, plus cruel. Ta bouche d'enfer. Está melhor; mais pesado, mais cruel. Tua boca de inferno (p. 47). O jogo do espelho, da alteridade, do outro, elementos da Paris pós-guerra, do mundo existencialista, da condição feminina de ontem e de hoje.
Capturadas pelo redemoinho discursivo em que se envolvem, tentam matar-se, mas isso já não é mais possível. A esperança de que a morte trouxesse alguma paz a uma vida de descompromisso social, consolidada na dicotomia do viver e do existir, decepciona, pois Seulement tout est resté en suspens pour toujours. / Tudo ficou em suspenso para sempre. (p. 80). Este é o momento em que Garcin pronuncia a célebre frase L’enfer, c’est les autres (p. 93) em uma discussão frenética e agonizante, que vale a leitura desse romance teatral que de tão contemporâneo poderia ter sido escrito durante o período do isolamento e desolamento social em qualquer espaço-tempo, no qual duas ou mais pessoas estivessem reunidas.
Por isso, somos da opinião que conhecer melhor o binômio língua/literatura diminui o risco de sermos colonizados pelo deslumbramento que os estereótipos promovem. Identificá-los e estudá-los através da representação do feminino é então um ganho para o desenvolvimento do senso crítico e emancipatório, particularmente em tempos pandêmicos. Leiam, ça vaut la peine! Podemos estar isolados, mais jamais dans la vie desolados, enquanto houver livros e histórias como propõe o blog ELH de Carlos do Prado.
[1] Este ensaio é baseado no artigo da mesma autora, intitulado ‘O ensino de literatura e a representação discursiva nas personagens femininas em Huis clos, de J-P. Sartre’. Revista de Letras, v. 1, n. 38, p. 7-20, 3 jun. 2019. http://www.periodicos.ufc.br/revletras/article/view/60012
[2] SARTRE, J-P. Huis clos. Paris: Éditions Gallimard/Folio, 1947.
[3] CHARAUDEAU, P. Les stéréotypes, c’est bien. Les imaginaires, c’est mieux. In : Boyer H. (dir.). Stéréotypage, stéréotypes : fonctionnements ordinaires et mises en scène. Paris : L’Harmattan, 2007.
[4] CUQ, J-P. Dictionnaire de didactique du français. Paris : Cle International, 2003.
[5] HARVEY, D. Paris: capital da modernidade. São Paulo: Boitempo, 2015.
[6] GALLI, J.A. O imaginário cultural do francês no Brasil: algumas possibilidades de leitura à luz do realismo balzaquiano. In: Imaginário, sujeito, representações. Orgs. Grigoletto, E. Stockmans De Nardi, F. Silva Sobrinho, H. Recife: EDUFPE, 2018b, p. 170-186. https://issuu.com/neplev/docs/imaginario_sujeito_representacoes_1
Joice Armani Galli
Professora Associada de Francês GLE/UFF - Mestre em Teoria da Literatura PUCRS - Doutora em Linguística UFRGS - Docente do Programa de Pós-Graduação em Estudos da Linguagem/PosLing/UFF - Pesquisadora-líder do Grupo de Estudos LENUFFLE.
Belíssima reflexão histórica acerca da construção das personagens femininas na literatura francesa ao longo dos tempos! Lindo e importante!
ResponderExcluirObrigada pelo comentário, da fato o papel da mulher é até a atualidade subjugado. Importante ouvir essas vozes oprimidas.
ExcluirParabéns, Joice. Análise muito interessante no que diz respeito ao feminino. Muito apropriado e fundamental nesses tempos de mudança!!! Grande abraço et bonne continuation! 🥰
ResponderExcluirANA vc é uma especialista em literatura, receber esse comentário seu é uma honra, muitíssimo obrigada minha querida amiga!
ExcluirEu amei o texto! Eu acho super interessante esse batimento entre literatura e língua. Na graduação, a gente vai se dedicando apenas a uma das áreas e esquece a outra. Amei o trabalho com as duas áreas e ainda mais em relação ao feminino.
ResponderExcluirAndré, acho q essa sigla aí é tu neh mermão! Certamente a gnt acaba sendo formatado na faculdade e na vida a separar coisas inseparáveis. Resultado da modernidade as dualidades devem ser revistas na contemporaneidade, especialmente em tempos pandêmicos e loucos como o q estamos vivendo. Obrigada por seu rico comentário.
ExcluirSartre, Sartre! Que genial! Tão genial, quanto a essa leitura da Joice! Que ponto de vista importante de ser exposto... Bravo! Bravo! Bravo!!!
ResponderExcluirIsso mesmo Josi, não se trata de um ensaio sobre Satre, mas sobre o feminino nesse romance, obrigada pelo comentário!
ExcluirDe queimas de sutiãs a jogos de sedução que envolvem batom, espelho e infernos. Análise tão forte quanto a temática. Adorei.
ResponderExcluirLegal Daniella o link feminino destacado, obrigada pelo post!
ExcluirSartre é incrível!! Quanta profundida no desenho das personagens! Obrigada pela partilha! Bravoooo!
ResponderExcluirLarissa querida, bem apropriada a percepção quanto ao desenho das personagens, mille merci!
ExcluirAnálise interessante! Trazendo ao contexto atual, qual sua possível releitura, quais seriam os estereótipos usados em seu discurso? Com certeza é algo a se pensar!
ResponderExcluirJúlio querido sim, a atemporalidade da literatura nunca foi tão atual quanto nestes tempos de pandemia, nestes tempos infernais...
ExcluirExcelente texto! Com certeza língua e literatura são duas faces da mesma moeda e trabalhar a construção dos estereótipos perpassando essas duas faces é fantástico. Conhecer como se dão as influências que sofremos cotidianamente, buscando desvendar quem é esse outro para além dos estereótipos, é um dos passos mais importantes para construirmos nossa própria identidade.
ResponderExcluirParabéns pelo texto, Joice!
Querida Rosária que bom ler seu comentário, pois ele acrescenta mais elementos à abordagem plural desse conhecimento, obrigada!
ExcluirExcelente, análise, Joice.
ResponderExcluirPermita-me acrescentar, um outro ponto, à sua reflexão:
Quando você traz as mudanças nos estudos das línguas, compreensão pelas diferenças culturais, descoberta e respeito pelo outro, eu acrescentaria e proporia o ‘pluri’ -a fim de evitar estereótipos- como você diz. Acredito que a didática do plurilinguismo, por meio das abordagens plurais ou plurilíngues (interculturalidade, despertar para as línguas , intercompreensão entre línguas parentes, didática integrada) representam uma real mudança de paradigma na didática das línguas e podem ser consideradas como via essencial para o desenvolvimento de uma competência plurilíngue e pluricultural , considerando que o contato com diferentes línguas ( culturas e literaturas) representa um potencial pessoal valioso para a formação integral, como para a aprendizagem de uma nova língua. Concorda?
Super concordo, um prefixo chave que amplifica a perspectiva. Certamente, tal ponto de vista colaborou para modificar o olhar sobre esse objeto/fenômeno que nos constitui e pelo qual vamos nos constituindo que é a linguagem. Obrigada por essa importante colaboração!
ExcluirO ensaio traz um olhar instigante não apenas sobre a representação das personagens femininas como também sobre as relações interpessoais. Tema bastante pertinente de ser pensado em nosso momento histórico, pois que a situação de exceção que ora vivenciamos nesta pandemia nos põe em constante exercício de alteridade, seja pela convivência mais frequente dos que moram com outras pessoas, seja pela solidão dos que moram sozinhos. Enfim, uma leitura crítica da obra de Sartre que rivaliza em sedução com o próprio texto literário. Parabéns, Joice!
ResponderExcluirAbraço terno!
Exato Sherry, a atualidade do romance nos impõe a reflexão sobre essa tal alteridade e o respeito mútuo que ela demanda. Excelente e edificante comentário, obrigada amiga querida!
ExcluirAmei ler um texto tão envolvente , inteligente e intrigante que traz reflexões de personagens onde as relações interpessoais que com certeza poderiam ser reeditados para 2020 em tempos de conflitos e isolamentos sociais. Sem contar a representação das personagens femininas e seus estereótipos muito bem construídos.
ResponderExcluirParabéns. Beijos.
Cristina muito obrigada por fazer um comentário de tamanha análise, vc vai exatamente ao ponto, captando o tecido das relações existenciais na atemporalidade literária. Muito obrigada msm!
ExcluirExcelente texto. Muito envolvente e principalmente atual. A frase "..a fim de instigar o leitor ao estudo integral dessa mise en scène literária tão pertinente em tempos de pandêmicos de isolamento, mas não de desolamento artístico e literário", nos remetem a importância da língua e literatura e as suas representações. O que seríamos de "nós" sem essas leituras de texto/mundo. Nas representações femininas do texto de Sartre houve uma construção/desconstrução dos estereótipos, gerando muita reflexão. Agradeço esse despertar. ;)
ResponderExcluirValente, obrigada pelo enriquecedor comentário sobre esses tempos de desconstrução, de revisão e de repensar sobre a condição sobretudo das mulheres, leia toda obra, vc vai gostar! Merci encore une fois!
ExcluirInteressante notar a cidade colocada como feminino. Moscou também já foi colocada em tal papel, inclusive ao ser arrasada por Napoleão. Mas mais interessante ainda o olhar sobre estereótipos femininos e sua relação com língua e literatura. Sendo a criação do imaginário feminino tão regida pela literatura, realmente o estudo e ensino de língua não deveria nunca mesmo ter sido separado da análise literária.
ResponderExcluirDe fato, uma das constatações da contemporaneidade é essa apreensão holística e não mais dicotomizada ou mesmo rivalizada em algumas épocas. Pq a cultura e nela estão a língua e a literatura estão no diálogo polifônico da ciência e da arte. Obrigada por seu comentário!
ExcluirDe Luís Carlos Carpim, para Joice Armani Galli – L’enfer sera nous, se continuarmos simplificando e desacreditando de que quase tudo tem a ver com quase tudo. De mansinho, a autora convida-nos a um passeio aparentemente singelo, que seria a leitura da representação do feminino numa obra de arte. Porém, o leitor/plateia – juntamente com o palco em que personagens desenvolvem um diálogo de vida que praticamente absorveu a morte – é arrastado para um turbilhão em que história, economia, urbanidade e linguagem estão de tal forma entrelaçados, que o entendimento de um exige o entendimento dos outros. Complexo? – Sim, até porque também traz implicações nos processos de ensino/aprendizagem, que, se perseguem o sucesso, não devem conformar-se aos estereótipos, mas mergulhar nas essências. Felizmente, nos termos do próprio existencialismo, não nascemos alguma coisa; tornamo-nos. Podemos ser luz, mas, acomodados, apenas l’enfer.
ResponderExcluirUauauauau, esse comentário é por si só uma crônica. Sensacional, reflexivo e intimista, apreciei por demais seu comentário Carpim, muito obrigada. Penso q devemos discutir mais e escrever juntos, allons-y!?!?!
ExcluirAdorei o texto! Uma leitura leve, envolvente e intrigante. A literatura é sempre tão atual que nos surpreende! Uma excelente relação entre a figura feminina e língua/literatura. Parabéns pelo ensaio incrível!
ResponderExcluirQue bom ler seu comentário e saber que foi possível discorrer sobre uma temática tão densa de forma leve e envolvente. Obrigada!
ResponderExcluirQue prazer ler um texto tão bem construído, profundo, sutil e questionador. Sobre Sartre, que eu amo. Não li a obra que tu analisas, mas, guiada pelo teu olhar, foi como se eu estivesse ali no palco com as personagens. Deu-me vontade de ler a peça. A Paris feminina de que tu falas serve de cenário para a representação da essência feminina apresentada pelas personagens. Adoro a forma que tu constróis o texto, misturando português e francês com tanta naturalidade. Essa mistura favorece a ambientação do leitor de língua portuguesa ao universo da obra em questão. Ficou um gostinho de quero mais. Parabéns Joice querida.
ResponderExcluirCarla Valduga, minha colega de faculdade e de mestrado q prazer enorme ler seu comentário. Quantas discussões sobre língua e literatura tivemos ao longo de nossa formação e agora após mais de 15 anos poder trocar essas ideias por meio desse blog, tendo personagens femininas da literatura francesa como mote é realmente formidable. Obrigada querida Carla!
ExcluirParabéns pelo texto, querida Joice. Sartre merece sempre renovados olhares. Esta aproximação entre Literatura e Discurso, tão bem articulada, tem a preocupação cada vez mais pulsante de instigar a leitura e formar leitores.
ResponderExcluirAndré Miti, em tempos sombrios instigar a leitura é mais q uma provocação, é um dever para conseguirmos criar contextos de formação a novos leitores, obrigada amigo querido!
ExcluirDavi, querido, q baita comentário tchê. Vc resumiu magistralmente o q eu queria dizer, relacionando elementos por vezes difíceis de serem entendidos. Mes plus sincères compliments! Estou mt feliz com o seu retorno, obrigadíssima!
ResponderExcluirSartre tão atual quanto a pandemia. Revisitar Huis Clos nesse momento além de ser uma sacada incrível, profinha, é necessário! Ainda mais quando se é tão bem explorada a profundidade da construção das personagens femininas a partir de passagens que muitas vezes passam despercebidas! Ensaio maravilhoso que vai com certeza me fazer reler a obra com olhos muito mais atentos pra relação língua, literatura e história. L'enfer pode ser os outros, mas que os outros são incríveis da gente ler... não tenho dúvida!
ResponderExcluirRahissa sua linda, é mt bom ler a interpretação q cada um faz do texto. Super interessante as relações meses en lumières, q além de apropriadas, ampliam igualmente minha perspectiva de análise para trabalhar junto aos alunos no próximo semestre. Muito obrigada del fondo del mio cuore.
ExcluirJoice, adoro ler os teus textos, poias além da profundidade teórica estão encharcados com a tua pratica pulsante e coerente. Obrigada!💕
ResponderExcluirJoice, adoro ler os teus textos, poias além da profundidade teórica estão encharcados com a tua pratica pulsante e coerente. Obrigada!💕
ResponderExcluirEre, ler teu comentário me dá novo fôlego pra seguir adiante, apreciei por demais o adjetivo 'pulsante' e é claro a coerência q reconheces em minha vida. Un bacione nel fondo del mio cuore!
ExcluirApesar de não ser quase um leigo, teu ponto de vista ficou mais compreensível porque não faz muito vi um documentário na Netflix sobre a participação feminina na segunda guerra, focado na França. A questão linguística é bem atual, que vemos na discussão do "politicamente correto", que para alguns é apenas mimimi. O que pra mim foi legal é ver como consegues desenvolver um tema por vezes abstraro (pra mim), profundo, mas com capacidade de se fazer entender até para transita pelos mesmos meandros dessa cultura, como eu. Espero que esse seja apenas um esboço para algum livro, de apelo multidisciplinar. Parabéns!!
ResponderExcluirQuerido Gilmar, mt me interessa compreender como um texto q por vezes pode estar longe da realidade devida a sua forma, pode ser aproximado qdo encontramos outras maneiras de dialogar, daí o viés multidisciplinar q sugeres, muitíssimo obrigada!
ExcluirAdoro esse entrelaçamento língua-literatura pq, de fato, como nos esvazia "precisar" escolher... Assim como os estudos da tradução, que passeiam por onde bem querem (rs), o teatro leva sua enorme boca, seu feminino e seu nariz a meter-se por aí e a rearranjar as caixinhas mais quadradas. Hoje, aprendi um pouco mais! Obrigada, Carlos e Joice, pela partilha, pelo espaço e pelos esforços. Bisous et bravo!
ResponderExcluirFernanda q tri legal esse teu olhar tradutório sobre o binômio língua e literatura, mt interessante o comentário poético traçado. Comungo o fato de considerar a ideia de Carlos pra esse blog sensacional, aproxima as pessoas na tentativa de desfazer camadas de formalidades impostas pela academia. Mt obrigada querida Pôrto!
ExcluirEsse ensaio traz um panorama histórico incrível, além de nos fazer refletir sobre o quão libertador é o papel da língua estrangeira e da literatura. Principalmente nesse momento pandêmico que estamos vivenciando, é preciso mais que nunca estarmos de olhos bem abertos e mentes ocupadas com o conhecimento. Parabéns Professeure Joice!
ResponderExcluirYasmin, vc fez uma relação com a linha cronológica traçada bem pertinente pra entendermos a razão pela qual vale revisitar línguas e literatura sob um viés menos formal. Vc desponta no comentário o poder de análise q vem caracterizando sua pesquisa, mes plus sincères compliments !!!
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