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Destaque da semana

O pequeno príncipe comemora seus 80 anos.

O livro O pequeno príncipe (Le petit prince)  é uma obra literária escrita por Antoine de Saint-Exupéry e foi publicado pela primeira vez em 1943. A história é contada através de um narrador que encontra um pequeno príncipe em um deserto após a pane de seu avião. A partir daí, o narrador e o pequeno príncipe começam uma jornada pela galáxia, onde o pequeno príncipe conta suas histórias e aprendizados de suas viagens por diferentes planetas e de suas interações com diversos personagens. A obra é considerada um clássico da literatura mundial e já foi traduzida para mais de 250 idiomas e dialetos diferentes. Além disso, o livro já vendeu mais de 200 milhões de cópias em todo o mundo, tornando-se um dos livros mais vendidos de todos os tempos. A história do pequeno príncipe é uma crítica à sociedade e aos valores que ela preza, além de trazer temas como amizade, amor, solidão e a importância de se ter um propósito na vida. A obra é conhecida por suas frases marcantes e inspiradoras, que sã
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A Máquina Do Mundo

E como eu palmilhasse vagamente uma estrada de Minas, pedregosa, e no fecho da tarde um sino rouco se misturasse ao som de meus sapatos que era pausado e seco; e aves pairassem no céu de chumbo, e suas formas pretas lentamente se fossem diluindo na escuridão maior, vinda dos montes e de meu próprio ser desenganado, a máquina do mundo se entreabriu para quem de a romper já se esquivava e só de o ter pensado se carpia. Abriu-se majestosa e circunspecta, sem emitir um som que fosse impuro nem um clarão maior que o tolerável pelas pupilas gastas na inspeção contínua e dolorosa do deserto, e pela mente exausta de mentar toda uma realidade que transcende a própria imagem sua debuxada no rosto do mistério, nos abismos. Abriu-se em calma pura, e convidando quantos sentidos e intuições restavam a quem de os ter usado os já perdera e nem desejaria recobrá-los, se em vão e para sempre repetimos os mesmos sem roteiro tristes périplos, convidando-os a todos, em coorte, a se aplicarem sobre o pasto

Príncipe no roseiral

Escute lá isto é um poema não fala de amor não fala de cachecóis azuis sobre os ombros do cantor que suspende os calcanhares na berma do rochedo Não fala do rolex nem da bandeirola da federação uruguaia de esgrima Não fala do lago drenado na floresta americana Não diz nada sobre a confeitaria fedorenta que recebe os notívagos para o café da manhã quando o dia já virou Isto é um poema não fala de comoções na missa das sete nem fala da percentagem de mulheres que se espantam com a imagem do marido aparando a barba no ocaso Não fala de tratores quebrados na floresta americana não fala da ideia de norte na cidade dos revolucionários Não fala de choro não fala de virgens confusas não fala de publicitários de cotovelos gastos Nem de manadas de cervos Escute só isto é um poema não vai alinhar conceitos do tipo liberdade igualdade e fé Não vai ajeitar o cabelo da menina que trabalha com afinco na caixa registadora do supermercado Não vai melhorar Não vai melhorar isto é um poema escute só não

Você deveria ler Matilde Campilho

  Era 2016, eu estava em um congresso [1] sobre literatura na UERJ, sentada ao lado de dois pesquisadores no tablado que ficava ao fundo da sala. A cena era essa, sete pesquisadores à postos para apresentar suas pesquisas e uma singela plateia de um pouco mais de dez pessoas, prontas a assistir e comentar sobre as comunicações. Entre os sete, eu era a última a me apresentar e eu conto isso com vivacidade e riqueza de detalhes a fim de explicar o motivo exato da escolha para esta resenha que escrevo. Chateada pela minha posição, mas igualmente curiosa pela apresentação dos colegas, ouvi a todos pacientemente, inclusive impressionada pelas pesquisas originais e distintas. Por acaso, os dois colegas ao meu lado tratariam sobre o mesmo livro, do qual eu nunca tinha ouvido falar. Portuguesa radicada no Brasil entre 2011 e 2013, ela havia publicado um livro em 2015, livro esse que era um sucesso de vendas e publicidade, recomendado por Carlito Azevedo, um poeta já reconhecido pelo público,

rascunhando personas

rascunhando personas há tirésias por toda parte portanto, se você tem medo da verdade não fique muito tempo na presença de crianças, mendigos e loucos dê sua esmola, gorjeta ou deixe o seu gracejo e vaze num lampejo pois esses tipos não têm tempo nem paciência para seres espantados e atônitos há cassandras por toda esquina nas feiras, nas filas de auxílio emergencial, nas salas de espera mas é mais fácil chamar de louca, histérica e seguir uma vidinha cheia de crenças limitantes que te fazem sentir, no entanto, "como reizinhos importantes" com seus livros e suas estantes (os intelectuais, meus deuses, são aqui os mais irritantes) há antígonas com toda a sina essas estão em centenas, milhares quando caladas, ainda falam e creontes – os mais infelizes – (há um mesmo em meu país) mais terrível que o irmão de jocasta sem um belo e sábio filho, como hémon, claro que nos faria o favor de aconselhá-lo finalmente, há édipos eu mesma me sinto uma édipo fêmea insistindo em ler o orácul

Leitura #1 Blog Entre Livres et Histoires - 2021

  "O que sustentava o inferno era só duas coisas: as almas dos mortos condenados e a ruindade dos vivos." Frase retirada de umas das passagens do surpreendente livro "Fiados na esquina do céu com o inferno" do pernambucano @eurydonavio Definido por alguns críticos como "Sertanismo fantástico", o livro de Eury é um convite ao mergulho no sertão nordestino na perspectiva da cultura, da linguagem regional, das crenças, bem como no comportamento dos personagens tão bem construídos pelo autor. Sem dar muito spoiler, temos a história do Matador, homem atormentado por um pesadelo, que ao encontrar um sujeito esquisito (que ele chamará de La Ursa - personagem conhecido do carnaval de Pernambuco) em uma bodega na esquina do céu com o inferno", faz um pacto para matar o Atentador (ou o "cão Fazedor de Seca") " antes que acabe o dia de São José. Se conseguir cumprir sua missão, o Matador colocará um ponto final na batalha travada entre a chuva e a

S. e o jogo da ficção

  Até hoje me surpreendo quando vejo meus alunos, uma geração que cresceu na era da informática, levando adiante o fetiche pelo livro de papel. Ainda lembro bem da sombra que pairou sobre o mundo da impressão com o lançamento dos primeiros modelos populares de e-reader . Veiculavam que o papel seria, em breve, coisa do passado. Os anos passaram, a acessibilidade digital se multiplicou exponencialmente, mas as gráficas não deixaram de rodar. Não sei se são as capas coloridas, o cheiro do papel, as memórias sedimentadas em um livro de sebo ou o efeito mágico de ver uma estante organizada, mas algo atrai e prende o ser humano à leitura analógica. E, por isso, eu sempre me senti algo herege nesse culto literário: sempre fui um adepto do PDF. Com a chegada do Kindle, reforcei ainda mais o meu gosto pela praticidade do digital, raramente adquirindo cópias físicas. Ao menos até conhecer o livro que despertou em mim esse fetiche atávico pelo papel: S. , de Doug Dorst e J. J. Abrams. Para e