Quem o pensara mesmo ao ver-me tonta,
Ceguinha de te ver, sem ver a conta
Do tempo que passava, que fugia!
Bem estava a sentir que ele morria…
E outro clarão, ao longe, já desponta!
Um engano que morre… e logo aponta
A luz doutra miragem fugidia…
Eu bem sei, meu Amor, que pra viver
São precisos amores, pra morrer,
E bem sei, meu Amor, que era preciso
Fazer do amor que parte o claro riso
De outro amor impossível que há-de vir!
Flobela Espanca
Sobre a autora:
Nascida Flor Bela Lobo em 1894, foi uma poetisa feminista portuguesa. É mundialmente conhecida pelas suas transgressões que chocaram o início do século XX. Mulher à frente do seu tempo, Flor Bela casou-se três vezes e costumava frenquentar bares e ambientes "proibidos às mulheres de "boa família". Ousada para sua época, ela foi a primeira mulher a ingressar no curso de Direito da Universidade de Lisboa.
Com apenas 08 anos de idade escreveu seu primeiro poema. Sua poesia é fortemente marcada por temas subjetivos, como amor, solidão, sofrimento e desamores. Sua "sede de infinito" levou a autora a publicar contos, um diário, inúmeras traduções e duas antologias de poemas.
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